quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Bar ruim é lindo, bicho


Salve, salve caros leitores!

Pode se chegar caro leitor, não se acanhe não, pois hoje a conversa é pra mais de duas grades de cerveja.

Não sei se vocês já leram AS SEM MELHORES CRONICAS DO BRASIL de Joaquim Ferreira Dos Santos, livro um tão interessante e que indico para todos. Entre as crônicas citadas no livro vou falar sobre uma que me chamou muita atenção, que é: Bar ruim é lindo, bicho. Antonio Prata.

Uma pequena parte para meditar:

...Eu sou meio intelectual, meio de esquerda, por isso freqüento bares meio ruins. Não sei se você sabe, mas nós, meio intelectuais, meio de esquerda, nos julgamos a vanguarda do proletariado, há mais de cento e cinqüenta anos.

No bar ruim que ando freqüentando ultimamente o proletariado atende por Betão – é o garçom, que cumprimento com um tapinha nas costas, acreditando resolver aí quinhentos anos de história.

... Nós, meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos fazer parte dessa coisa linda que é o Brasil, por isso vamos a bares ruins, que têm mais a cara do Brasil que os bares bons, onde se serve petit gâteau e não tem frango à passarinho ou carne-de-sol com macaxeira, que são os pratos tradicionais de nossa cozinha.

...O problema é que aos poucos o bar ruim vai se tornando Cult, vai sendo freqüentado por vários meio intelectuais, meio de esquerda e universitárias mais ou menos gostosas. Até que uma hora sai na vejinha como ponto freqüentado por artistas, cineastas e universitários e, um belo dia, agente chega no bar ruim e ta cheio de gente que não é nem meio intelectual nem meio de esquerda e foi lá só para ver se tem mesmo artistas, cineastas e, principalmente, universitárias mais ou menos gostosas. Aí a gente diz: eu gostava disso aqui antes, quando só vinha a minha turma de meio intelectuais, meio de esquerda, adoramos dizer que freqüentávamos o bar antes de ele ficar famoso, íamos a tal praia antes de ela encher de gente, ouvíamos a banda antes de tocar na MTV. Nós gostamos dos pobres que estavam na praia antes, uns pobres que sabem subir em coqueiro e usam sandália de couro, isso a gente acha lindo, mas a gente detesta os pobres que chegam depois, de Chevette e chinelo Rider. Esse pobre não, agente gosta do pobre autêntico do Brasil autêntico. E a gente abomina a Vejinha, abomina mesmo, acima de tudo.

... Não pense que é fácil ser meio intelectual, meio de esquerda em nosso país. A cada dia está mais difícil encontrar bares ruins do jeito que a gente gosta, os pobres estão todos de chinelo Rider e a vejinha sempre alerta, pronta pra encher nossos bares ruins de gente jovem e bonita e a difundir o petit gâteau pelos quatro cantos do globo. Para desespero dos meio intelectuais, meio de esquerda que, como eu, por questões ideológicas, preferem frango à passarinho e carne-de-sol com macaxeira (que é a mesma coisa que mandioca, mas é como se diz lá no Nordeste, e nós, meio intelectuais, meio de esquerda, achamos que o Nordeste é muito mais autêntico que o sudeste e preferimos esse termo, macaxeira, que é bem mais assim Câmara Cascudo, saca?)

- Ô Betão, vê uma cachaça aqui pra mim. De salinas quais que tem?

Adorei esse texto, pois me identifiquei bastante, é claro que o melhor bar é o BAR RUIM, falo isso porque me identifico como, meio intelectual, meio de esquerda, e sempre procuro esses lugares para sair com os amigos.

Abraço.

ERICK MOURA

8 comentários:

  1. Amei!!!!! Adoro boteco, ficar parte da noite conversando e enchendo a cara de coca cola... Adoro! E, quanto a ser de esquerda... hoje no Brasil ser de esquerda é ser direita. rsr

    Ótimo post.

    Mônica Caldas

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  2. eu não vou em bar, seja ele ruim ou bom =/
    mas gostei da crônica também :B

    beeijas querido (muuaah) ;*

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  3. Meio intelectual, meio de esquerda, mas não bebo, ou costumo ir a bares...
    nem bons, nem ruins...
    Mas Amei a crônica!!!
    Interessante o ponto-de-vista crítico dele...
    Achei legal ele falar que as pessoas chegam no bar, só pra ver os famosos, ou se tem universitárias gostosas...Mostra o quanto a maior parte da população é alienada, e vai a um ambiente, sem nem saber do que se trata, só mesmo porque o lugar é badalado...
    Gostei também do comentario sobre a VEJINHA...
    Ai cara...A forma como ele expõe o pobre metido a besta, calçando chinelo rider...Que é o pobre que superabunda no Brasil...
    O texto é muitoooo bom...Amei!!!
    Odiamos também a coca-cola, o símbolo do imperialismo, e do consumismo exacerbado!(palavras minhas, é claro...)
    heheheh

    Um beijo cara.

    outra: prefiro o gmail...;)

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  4. Eu adorei a crônica. Vou comprar e vou postar a que eu mais gostar. :)
    É bom dividir o bom, eu também faço isso no meu blog..

    Qto a crônica, as pessoas sempre querem ser os primeiros, os diferentes..
    E a veja e a Globo sempre estragam. Foi uma boa crítica..
    Odeio ir em barzinho badalado.. Prefiro os simples, quase desconhecidos. ;)

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  5. Erick, seu blog é simplista e objetivo e ALTAMENTE cativante, não cansa de ler e nem de vivenciar de seu conceito. Gostei muito e volto! Não conhecia.

    Te sigo, bem de perto! ;)

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  6. parabéns Erick,muito bom essa crônica...e o senso crítico ótimo...desculpas nunca mais tinha comentado..rs...estou sentindo falta dos textos de tiago...rss...a cada "dia" seus textos superão a expectativa de um texto booom...nota10...obama

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  7. Po, quando eu bebo carreteiro eu me ferro! :D
    Show de bola irmãozinho!

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